terça-feira, 27 de novembro de 2012

HIPOTIREOIDISMO

HIPOTIREOIDISMO: Causas, Sintomas e Tratamento

Maria das Graças Teles Martins*
mgtmartins@gmail.com

INTRODUÇÃO

O hipotireoidismo é muito comum. É difícil estimar o número de pessoas com a doença, pois muitas têm hipotireoidismo e não sabem. Pesquisas revelam que cerca de 5 milhões de brasileiros têm hipotireoidismo, a grande maioria ainda não diagnosticada. O hipotireoidismo pode ser encontrado em homens e mulheres. Sua incidência aumenta com a idade, sendo quatro vezes mais freqüente nas mulheres, principalmente após 50 anos. Atualmente, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo são bem definidos. O distúrbio acomete 1% a 3% da população em geral e é considerado uma das queixas mais freqüentes nos consultórios de endocrinologia. É indispensável tratar o hipotireoidismo, pois a falta de tratamento pode ocasionar sérios danos a sua saúde. Os riscos da falta de tratamento do hipotireoidismo diferem de pessoa para pessoa.

O QUE É A TIREÓIDE?

A tireóide é uma glândula situada na parte da frente do pescoço, abaixo do chamado "pomo de Adão". Tem formas comparadas à de escudo ou de borboleta, sendo facilmente palpável. É responsável pela produção dos hormônios tireoideanos T3 (triodotironina) e T4 (levotiroxina). Essas substâncias são transportadas pelo sangue para todas as partes do corpo, regulando o metabolismo. “Entre outras coisas, o metabolismo refere-se à maneira pela qual o organismo queima calorias, gorduras, açúcares e atua no trabalho muscular”. Outro hormônio produzido pela tireóide é a calcitonina, que possui a função de regular o cálcio no corpo.

COMO É CARACTERIZADO O HIPOTIREOIDISMO?

É caracterizado pela diminuição ou pela baixa produção dos hormônios T3 (triodotironina) e T4 (levotiroxina). No passado, o Hipotireoidismo era, em geral, diagnosticado quando já estava em estágio avançado. Atualmente, os novos testes laboratoriais possibilitam o diagnóstico em fase muito precoce. Quando um Médico dá um diagnóstico de Hipotireoidismo, isso quer dizer que a pessoa apresenta sintomas comuns, compatíveis com baixa função da glândula Tireóide, ou seja, a Tireóide está produzindo pouco hormônio. Afeta cerca de 1% a 3% da população geral, sendo problema médico comum. É mais freqüente entre as mulheres, em uma proporção de 4 para 1 em relação aos homens. A faixa etária de maior incidência é de 40 a 60 anos. Pesquisas estimam a existência de aproximadamente 5 milhões de brasileiros com hipotireoidismo.

QUAIS AS CAUSAS?

As causas mais comuns do hipotireoidismo são a inflamação crônica da tireóide (chamada tireoidite ou doença de Hashimoto), as manifestações pós-cirúrgicas (retirada parcial ou total da glândula) e as de decorrência de tratamentos prévios de glândula hiperativa. A doença de Hashimoto tem traços genéticos e caracteriza-se pela produção exagerada de anticorpos pelo sistema imunológico que agridem a própria glândula. É uma doença auto-imune que provoca a diminuição da capacidade funcional da glândula.O Hipotireoidismo é muito comum, sendo difícil estimar o número de pacientes com a doença, pois muitas pessoas têm o Hipotireoidismo e não sabem. Uma causa comum em décadas passadas, mas rara nos dias de hoje, é deficiência de iodo no organismo (necessário para a produção dos hormônios tireoideanos). Os produtores de sal são obrigados, por lei, a adicionar iodo ao produto industrializado. "É uma maneira barata e simples de repor o iodo e evitar o hipotireoidismo devido à sua deficiência".


PODE SER CONGÊNITO?

O hipotireoidismo pode ser congênito (ocorrer em recém-nascidos). A prevalência é de 1 para cada 4 mil nascidos-vivos. A disfunção pode ser detectada precocemente, por meio do "Teste do Pezinho". Se não for identificada até o terceiro mês de vida, pode levar ao retardo do desenvolvimento físico e mental dos bebês. A criança com "cretinismo" (como é chamado o mal) apresenta dificuldades para sugar o leite materno e tem a pele amarelada.


OS SINAIS E SINTOMAS

Entre os sinais e sintomas mais comuns do hipotireoidismo temos: fadiga, desânimo, movimentos lentos, discreto aumento de peso ou dificuldade para perdê-lo, sonolência diurna, intolerância ao frio, memória fraca, irregularidade menstrual (e em casos mais graves até infertilidade), dores, cãibras musculares, cabelos e pele secos, queda de cabelos, unhas fracas, prisão de ventre, depressão, irritabilidade, rosto e mãos inchados. Um grande número de pessoas apresenta sintomas "vagos" de cansaço e desânimo. Algumas pessoas acabam atribuindo esses sinais, de forma errônea, ao avanço da idade.

O número e a intensidade dos sintomas variam conforme a duração e o grau da deficiência hormonal da tireóide. Algumas pessoas com hipotireoidismo podem não apresentar sintomas evidentes. Então o diagnóstico dever ser realizado através de exames laboratoriais de rotina. O aumento da tireóide (bócio ou papo) pode ser observado e detectado durante o exame clínico ou mesmo através da queixa do paciente de um "colarinho apertado.


EFEITOS PELOS DIVERSOS ÓRGÃOS DO CORPO




Coração: Diminuição dos batimentos cardíacos.
Cérebro: Dificuldade de concentração e depressão.
Aparelho digestivo: Constipação intestinal (prisão de ventre).
Músculos: Fraqueza, dor e fadiga.
Rins: Retenção de líquidos, levando à edema das pálpebras, principalmente pela manhã.
Fígado: Diminuição do metabolismo do colesterol com aumento dos seus níveis sangüíneos.
Órgãos reprodutivos: Alterações menstruais, abortos naturais e infertilidade.
Pele e cabelo: Queda de cabelos, ressecamento da pele.
Outros sintomas: Apatia, reflexos lentos, discreto ganho de peso ou dificuldade de perdê-lo e dores articulares.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO ?

O hipotireoidismo pode ser facilmente diagnosticado por meio de um exame de sangue e é tratável. Os exames que ajudam no diagnóstico do hipotireoidismo são: a dosagem de TSH (que é um hormônio produzido pela hipófise, e que estimula o funcionamento da tireóide), e a dosagem de hormônios tireoidianos (T4 e T3). O teste identifica se há níveis baixos do hormônio T4 e níveis elevados do hormônio TSH no sangue. Entretanto, em casos muito leves de hipotireoidismo, ou quando este está apenas no início, pode-se encontrar TSH aumentado com T4 normal. Ou seja, o nível de TSH aumenta antes que o nível de T4 caia abaixo do normal. Essa situação, em que o TSH está elevado com T4 normal, é chamada de hipotireoidismo subclínico. Entre os dois exames de sangue, o TSH é o mais importante, já que o T4 pode variar mais de um dia para o outro ou de uma coleta para a outra; por isso o médico vai prestar mais atenção ao TSH do que ao T4 para fazer o diagnóstico de hipotireoidismo.


Vejamos a explicação:

TIREÓIDE NORMAL
TSH e T4 normais

HIPOTIREOIDISMO INICIAL OU LEVE (SUBCLÍNICO)

TSH alto e T4 normal

HIPOTIREOIDISMO INSTALADO (CLÍNICO)

TSH alto e T4 baixoEssas dosagens podem ser complementadas com a determinação dos anticorpos contra a tireóide (anti-TPO e anti-tireoglobulina), o que identifica a ocorrência da doença de Hashimoto. Nos adultos, as conseqüências do não tratamento do Hipotireoidismo podem provocar considerável desconforto ou incapacidade.

COMO É O TRATAMENTO?

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição oral de hormônio específico (Levotiroxina-T4), uma vez ao dia, preferencialmente pela manhã em jejum. Esse medicamento repõe o hormônio que a glândula deixou de secretar. A dosagem deve ser individualizada. "É importante que o paciente receba a quantidade certa de hormônio".

DURAÇÃO DO TRATAMENTO

A Levotiroxina Sódica funciona no organismo exatamente como o hormônio natural da Tireóide. É indispensável tomar os comprimidos de Levotiroxina diariamente, para que o objetivo seja alcançado. Como para a maioria dos pacientes, o Hipotireoidismo é crônico, portanto o tratamento deverá ser instituído por toda a vida.

A QUANTIDADE NECESSÁRIA TEM VARIAÇÃO?

A quantidade necessária de Levotiroxina varia de pessoa para pessoa. É importante seguir as instruções do Médico, tomando a dose recomendada de Levotiroxina, diariamente, pois ele solicita exames laboratoriais muito sensíveis para determinar a sua melhor dosagem. Os sintomas do Hipotireoidismo não desaparecem imediatamente após começar o tratamento com a Levotiroxina. Mantendo-se o tratamento, tomando os comprimidos de Levotiroxina diariamente, notará uma lenta e progressiva melhora na aparência e bem-estar. Mesmo que se tenha um Hipotireoidismo acentuado, alguns meses após o tratamento passará sentir alívio de todos os sintomas, lembrando que essa melhora não significa que se pode parar de tomar a Levotiroxina, pois ainda que os sintomas tenham diminuído, é importante continuar o tratamento, pois a Levotiroxina estará substituído o hormônio que a sua Tireóide não fabrica mais em quantidades suficiente. Se parar de tomar a Levotiroxina, o organismo terá a função do hormônio sintético diminuída nos períodos subseqüentes e com isso, nas semanas seguintes, os velhos sintomas voltarão gradualmente. Pesquisas recentes indicam que um excesso de hormônios tireoideanos pode causar perda excessiva de cálcio nos ossos, com risco aumentado para a osteoporose.

NA GRAVIDEZ

Mulheres que engravidam durante o tratamento podem ficar tranqüilas, já que o medicamento reproduz com precisão o hormônio secretado naturalmente pela própria glândula, quando não há disfunção. "É importante, consultar seu médico, já que a dosagem do T4 pode necessitar de ajuste durante a gravidez".

REFERÊNCIAS

ARAÚJO FILHO VJF, BRANDÃO LG, CARLUCCI Jr. D, MOYSES RA, BRESCIA MD'EG, FERRAZ AR. Elevação de hormônio tireoestimulante (TSH) após as lobectomias: incidência e fatores associados. Rev Col Bras Cir. 2007;34(2):84-7.CARVALHO DP. Hipotireoidismo: diagnóstico e princípios terapêuticos. Thyroid Update 2003: 6-25.COOPER DS, DOHERTY GM, HAUGEN BR, KLOOS RT, LEE SL, MANDEL SJ, MAZZASFERRI EL, MCIVER B, SHERMAN SI, TUTTLE RM. Management guidelines for patients with thyroid nodules and differentiated thyroid cancer. Thyroid. 2006;16:109-42FISHER DA. Hipotireoidismo Congênito. Thyroid Innternational.2002; 6(3): 1-12NASCIMENTO ML, PIRES MM, NASSAR SM, RUHLAND L. Avaliação do programa de rastreamento neonatal para hipotireoidismo congênito da secretaria de estado da saúde de Santa Catarina. Arq BrasEndocrinol Metab 2003; 47(1): 75-80.

NOTAS:

*A autora é Psicóloga Clínica e hospitalar, especialista em sexualidade humana, mestre em educação e Mestranda em Ciências da Saúde (UNIFESP)

Imagens: pública disponível na internet.

SITES DISPONÍVEIS NA INERNET:

http://www.polosaude.com.br/artigo/como-faco-para-saber-se-tenho-hipotireoidismo/www.cirurgiaendocrina.com.br www.agendasaude.com.br http://www.bemdesaude.com/content/hipotireoidismo.htmlwww.tireoide.com.br/.../hipotireoidismo/hipotireoidismosinaisesintomas.www.tireoide.com.br